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Explorando os Limites da Mente: Mistérios da Máquina Humana

A ideia do homem como máquina humana precisa ser compreendida com clareza e precisa ser representada para a própria pessoa, a fim de que ela perceba sua importância e todas as suas implicações. Este ensinamento mostra princípios gerais da estrutura do mecanismo, que servem de plano de auto-observação de cada um.

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O primeiro princípio é que nada deve ser aceito com base na fé. Nosso principal erro é presumir que temos uma única mente, cujas funções são “conscientes”, e que tudo que não entra nessa mente é “inconsciente” ou “subconsciente”.

Máquina humana

A atividade da máquina humana não é controlada por uma mente, mas por várias, totalmente independentes umas das outras, com funções distintas e esferas separadas de atividade. Isso precisa ser compreendido antes de qualquer coisa, pois, a menos que o façamos, nada poderá ser compreendido sobre nosso funcionamento.

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A máquina humana tem cinco funções comuns:

• Pensamento • Sentimento • Movimento • Instinto • Sexo

Vamos observar as quatro primeiras — pensamento, sentimento, movimento e instinto. Funções do Pensamento, ou função intelectual — processos mentais, formação e representações de conceitos, raciocínio, comparação, afirmação, negação, discernimento, imaginação.

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Funções do Sentimento, ou das emoções — expressar todos os tipos de emoções e sentimentos, como alegria, raiva, tristeza, medo, espanto, etc. Essas duas funções são mais simples e mais fáceis de se observar. As outras duas funções requerem mais tempo e uma observação mais aguçada, para a compreensão, pois não são claramente definidas pela psicologia convencional.

A função do movimento governa todos os movimentos externos, como andar, escrever, o fazer diverso, falar, comer, etc. Incluem-se ainda alguns movimentos chamados de “instintivos”, como agarrar um objeto que está caindo sem pensar, a defesa instintiva a um ataque…

A função instintiva inclui todo o funcionamento interno do organismo, como a digestão, a respiração, a circulação sanguínea, os cinco sentidos, todas as sensações físicas, e todos os reflexos, inclusive o riso e o bocejo.

Diferença entre a função do movimento e a instintiva

A diferença entre a função do movimento e a instintiva é evidente e pode ser compreendida com facilidade. Nenhuma das funções do movimento é inerente, e o indivíduo deve aprender todas, assim como a criança aprende a andar e a escrever. Por outro lado, todas as funções instintivas, sem exceção, são inerentes e não precisam ser aprendidas.

A função do pensamento é controlada por um centro, o qual chamamos de “mente”, “intelecto” ou “cérebro”. Ao mesmo tempo, todavia, devemos compreender que cada uma das outras funções é controlada por seu próprio centro ou mente. Logo, do ponto de vista deste ensinamento, há quatro mentes controlando nossas ações habituais — pensamento, sentimento, movimento e mente instintiva, as quais chamaremos de “centros”. Cada centro é independente dos outros, como sua própria esfera de ação, seus poderes e suas formas de desenvolvimento. Na verdade, cada centro ocupa o corpo todo, penetra, por assim dizer, o organismo inteiro. Ao mesmo tempo, cada um tem o que é chamado de seu “centro de gravidade”.

Limites da Mente

Uma das características mais importantes dos centros é a grande diferença na velocidade de funcionamento. O mais lento é o centro do pensamento. Na sequência estão os centros do movimento e do instinto, os quais têm aproximadamente a mesma velocidade. O mais rápido de todos é o centro do sentimento, embora ele raramente funcione em sua verdadeira velocidade quando no estado normal e costume funcionar na mesma velocidade dos centros do movimento e do instinto.

A observação pode nos mostrar a grande diferença na velocidade das funções de cada centro. Podemos comparar a velocidade dos processos mentais com as funções motoras se nos observarmos realizando movimentos simultâneos rápidos, por exemplo, dirigir um carro ou fazer exercícios físicos que exigem decisões e ações rápidas — esportes, são um bom exemplo. Outra suposição deste ensinamento é que cada centro se divide em partes positivas e negativas. Essa divisão fica evidente nos centros do pensamento, do movimento e do instinto.

Movimento x sentimento

Todo o trabalho do centro do pensamento se divide em afirmação e negação, em “sim” e não. A cada momento, em nossos pensamentos, ou uma parte suplanta a outra, ou elas chegam a um momento de indecisão, de forças iguais. A parte negativa é tão útil quanto a positiva, e qualquer diminuição na força de uma com relação à outra resulta em distúrbio mental.

No centro do movimento, a divisão em positivo e negativo é simplesmente o movimento e o repouso. No trabalho do centro do instinto, a divisão entre positivo e negativo, ou agradável e desagradável, também é evidente, e as duas partes são igualmente necessárias para nos orientar na vida.

Centro do sentimento, à primeira vista a divisão parece óbvia e simples, caso consideremos que emoções agradáveis como alegria, afeto ou autoconfiança pertencem à parte positiva e as emoções desagradáveis como medo, irritação e inveja pertencem à parte negativa. Contudo, a questão é mais complicada.

O centro dos sentimentos não tem parte positiva e parte negativa e, em nosso estado habitual de consciência, não temos emoções ou verdadeiras emoções negativas. Emoções positivas são aquelas com as quais experimentamos o amor, a bondade, a generosidade, a sublimação da beleza e a ética… Na verdade, essas emoções são invariáveis e não podem ser negativas.

Mistérios da Máquina Humana

Mas todas as emoções agradáveis podem se tornar emoções desagradáveis a qualquer momento. O amor pode ser contaminado por ciúmes, ou pelo medo de perder a pessoa amada num relacionamento… Por outro lado, a maioria das nossas emoções negativas não pertencem ao centro do sentimento. São artificiais, baseadas em emoções instintivas não relacionadas, transformadas pela imaginação e pela identificação. De fato, muitos nunca vivenciam sentimento real algum, tamanha a ocupação de nosso tempo com emoções imaginárias.

Vivenciamos muitos tipos de sofrimento mental, os quais pertencem ao centro do sentimento — tristeza, pesar, apreensão e outras — relacionadas com doença, dor e morte. Além desses quatro centros e do centro do sexo, que também é independente, mas funciona raramente de forma independente, há mais dois centros — o centro do “sentimento superior”, para a função dos sentimentos superiores (sublimações) no estado de autoconsciência, e o centro do “pensamento superior”, para a função mental superior no estado de consciência objetiva.

Esses centros estão em nós, plenamente desenvolvidos e em atividade o tempo todo, mas seu funcionamento não atinge a consciência comum. A causa disso está nas propriedades especiais da chamada “consciência clara”.

Fonte — G. I. Gurdjieff, Em Busca do Ser, O Quatro Caminho Para Uma Nova Consciência — Ed. Pensamento

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