A rotina pode ser uma boa norma de conduta nas atividades que requerem procedimentos de máxima segurança, como na viação, nas linhas de produção das fábricas, nos procedimentos médicos, tomando alguns exemplos, mas é péssima para a vida íntima do ser humano.
Nosso mundo da vida interior é um manancial de potencialidades criativas, e a rotina inibe a criatividade.
Abraçado a uma rotina fixa, o ser humano segue os mesmos passos diariamente; do mesmo jeito segue os mesmos horários e trajetos, repete as mesmas palavras para as mesmas pessoas, em casa, na rua, no trabalho, no bar, no salão de beleza, na igreja, no campo de futebol.
Em outras palavras, tudo que ele faz é feito por determinação de um programa previamente testado e aprovado pelo seu sistema de funcionalidade e segurança. Tudo está automatizado para facilitar e não pensar.
No emblemático caderno da sua vida, as anotações estão prontas e surgem na mente em cada ocasião, como ocorre num sistema que busca informações automatizadas ao se apertar uma tecla qualquer.
A rotina mata a criatividade, e ainda vai chorar no seu enterro.
Quem pode ser feliz restringindo a sua criatividade?
Felicidade é um estado de paz interior, inabalável diante do que quer que aconteça, e depende de autodomínio sobre os impulsos instintivos e emocionais e requer lucidez e espiritualidade; que se alcança mediante o desenvolvimento da inteligência, expansão de consciência e cultivo de valores e virtudes nobres.
Diante disso, pois, a rotina inibe a felicidade ao restringir a exteriorização dessa paz interior.
A rotina padroniza o modo de viver e pode fazer do ser humano um objeto autômato. Como disse no início do texto, ela é boa e necessária nos procedimentos que requerem segurança máxima, nas linhas de produção das fábricas, nos procedimentos médicos e outros tantos cuja redundância evita desastres.
Mas a vida não é nem um sistema que requer segurança máxima, nem uma linha de produção do mundo, e não requer procedimentos redundantes. A vida é movimento e impermanência; é a coisa que mais se apresenta criativamente.
Não há um só instante da vida que se repita do mesmo modo. No entanto, o ser humano foge da vida com medo de ser feliz, talvez.
Rotina
Entretanto, na própria rotina é possível agir criativamente. Tomemos como exemplo a rotina diária — acordar, tomar café, sair para trabalhar, retornar para casa… Tudo isso pode ser feito inovando o modo de fazer, cada dia um pouco diferente, cada coisa de um modo criativo.
Assim a rotina se torna leve e pode até ser base sustentável à criatividade.
Travessia SPA
Escrito pelo prof. e pesquisador Luiz Trevizani, instituto Luz da Consciência