O homem sempre tentou decodificar segredos. As comunicações militares, as cartas de amor, o conhecimento proibido. Cedo ou tarde, a maioria dos textos secretos eram decifrados. Mas entre todas as escritas enigmáticas da história, uma se destacou.
Este texto desafiou todas as tentativas de desvendar seu segredo por séculos. É o livro mais misterioso do mundo, escrito por um autor desconhecido em um alfabeto absolutamente único e ilustrado com imagens intrigantes. Qual é o segredo escondido entre essas linhas?
Porém, outro perito contratou esse desafio. Pela primeira vez, os dados físicos do manuscrito Voynich serão analisados. Talvez a tinta, os pigmentos e o papel sejam a chave para o enigma Voynich.
A História do Manuscrito
Um negociante de antiguidades de Nova Iorque visitou a Villa Mondragón, perto de Roma. Ele estava à procura de livros preciosos. O nome do negociante americano era Wilfrid Voynich. Os textos históricos de uma escola jesuíta foram guardados. Um dos baús que Wilfried Voynich tinha permissão de operar possuía os bens de um dos mais famosos eruditos do século XVII, Atanasius Kircher.
Entre os vários manuscritos, o baú continha um livro diferente. Voynich comprou o manuscrito e tentou decifrá-lo pelo resto de sua vida. Ele morreu sem chegar nem perto da resposta. Após a morte de Voynich, o volume acabou na biblioteca Beinig de livros e manuscritos raros em Yale. Essa biblioteca dispõe de um vasto acervo de raridades, mas é provável que nenhuma seja tão famosa quanto o manuscrito Voynich.
Um dos maiores peritos do manuscrito Voynich é René Zembergen. Há anos ele se dedica a isso. Na primeira vez que vi um desenho na página do manuscrito Voynich, tive a sensação de que era uma coisa que eu poderia decifrar, que conseguiria ler. Mas com o passar dos anos, percebi que errei. Não pude decifrá-lo como tantas outras pessoas antes de mim.
O precioso manuscrito está guardado em um lugar seguro na biblioteca Beinecke. Pela primeira vez, René Zennbergen tentou examinar o original. É algo maravilhoso que alguém tenha escrito isso há centenas de anos. E ainda hoje, com toda a tecnologia moderna, não deciframos. Em mais de 200 páginas de pergaminho, um universo de um milhão de detalhes gráficos e 170 mil caracteres se desenrolam.
Conteúdo e Interpretações
Nessa complexidade de textos e imagens, o olho de um especialista pode se perder. Os desenhos ajudam a dividir o livro em seções separadas. A restauradora Paula Zayas passou muitas horas no manuscrito. Nós não conseguimos ler o texto, mas dá para imaginar do que se trata pelas ilustrações, pois ele parece possuir várias seções. Eu diria que a predominância do texto nesse livro seria relacionada à botânica e ervas.
É claramente um livro sobre essas plantas, que mostra o seu sistema de raízes, as folhas e as flores. Eu diria que, possivelmente, ele fala sobre onde se pode encontrar essa planta, como ela cresce, e também em que pode ser usada. A medicina era baseada nas ervas. Então, outra grande parte da medicina daquela época também é incluída no livro.
Os gráficos do zodíaco, das estrelas, do céu. E são diversas páginas de desenhos do Zodíaco com muitos detalhes e bem específicos.
Outras ilustrações parecem apoiar a ideia de um livro de receitas, com instruções de como cortar e cozinhar ervas. Será que o autor era um gênio da medicina tentando esconder suas descobertas dos concorrentes? Ou da Santa Inquisição, que muitas vezes eliminava rigorosamente os novos conhecimentos? Foi o próprio Wilfred Weitz quem descobriu a primeira trilha que levava ao autor anônimo.
Ele estava ocupado fazendo a reprodução do original quando, por acidente, um item que estava invisível apareceu. As palavras tinham sido riscadas do pergaminho, mas sob a luz ultravioleta, os traços de tinta ficaram visíveis. Jacobus de Tepenet. Número 1990. Jacobus de Tepenitz foi um médico viajante e especialista em plantas medicinais no século XVII.
Seus preparados eram famosos por toda parte. Em 1608, ele foi convocado para Praga pelo Imperador Rodolfo II. O imperador normalmente sofria de depressão e melancolia. Os extratos das ervas do famoso Tepenet serviam para aliviar a angústia do monarca. Tepenet fez experiências com ervas. Ele as cultivava, destilava os extratos, as misturava com álcool e com isso fez uma fortuna. Seus remédios alcoólicos pareciam ter causado bem-estar no Imperador.
Para agradecer a Tepenet, o Imperador deu a ele um título e o nomeou como Destilador-Chefe do Império. Mas por que um médico deixaria suas receitas em códigos?
Teorias e Possibilidades
Diversas teorias surgiram para tentar decifrar o manuscrito Voynich. Alguns acreditam que o autor seja um aventureiro elizabetano chamado Edward Kelly, que teria criado o manuscrito com o intuito de vendê-lo para o Imperador Rudolf II. Outros acreditam que o próprio Wilfred Weitz, o negociante de antiguidades, tenha produzido o livro como uma fraude. No entanto, a origem exata do manuscrito ainda permanece desconhecida.
Análises científicas dos materiais utilizados no manuscrito, como tintas e pigmentos, indicam que eles são apropriados para os séculos XV e XVI, reforçando a ideia de que o manuscrito é autêntico. Além disso, análises de radiocarbono dataram o manuscrito entre 1404 e 1438, fornecendo um contexto histórico para a sua criação.
Apesar de todos os esforços e avanços tecnológicos, o segredo escondido no manuscrito Voynich continua indecifrável. As tentativas de decodificação utilizando métodos criptográficos modernos falharam, levantando a possibilidade de que o texto seja uma criação artificial, sem um significado real.
O manuscrito ainda é alvo de intensa pesquisa e estudo, e talvez um dia o seu enigma seja revelado.
Travessia SPA
Texto extraído de uma reportagem do canal H history — traduzido para o português, publicado por Jonas S. Marques https://www.youtube.com/@jonashmarques