Estas reflexões foram extraídas do livro Formas e Números Sagrados, Louis Gross, Editora Ordem Rosacruz, Curitiba–PR.
Santo Agostinho, bispo africano do século IV “Com as ideias, os números regem a ordem das coisas. Números e ideias decerto não pertencem às criaturas, mas por trás deles está manifesta a sabedoria eterna pela qual o Criador fez o Mundo. Como eles estão contidos na Inteligência Divina, só nos cabe tentar remontar da imagem para o modelo. Assim é que, através das coisas do mundo, poderemos nos elevar ao Criador”.
O que é um número?
— “Um número exprime a relação existente entre uma quantidade e a unidade tomada como termo de comparação”. “O zero não representa um número e sim a ausência de números. Quando se escreve 10, o 1 representa a dezena e o zero a ausência de unidade”.
UM é tudo, Tudo é UM
“Como a gota d’água pode conhecer o oceano que a contém?”
Para os filósofos antigos tudo começa pelo UM, a Mônada, o princípio criador. A forma tida simbolicamente representativa dele é o ponto, mas, como a natureza de Deus é infinita, esse ponto é também infinito e abrange todos os círculos de que ele é o centro. Blaise Pascal — Século XVII — “Tem-se tudo a ganhar crendo-se em Deus; se ele não existe, não se perde nada e, se ele existe, há de nos acolher em seu seio.
Se o homem não foi feito por Deus, por que ele só é feliz em Deus? Se o homem é feito para Deus, por que ele é tão contrário a Deus”? “Deus é um círculo cujo centro está em toda parte e cuja circunferência não está em parte alguma”. “Durante todo o tempo do traçado, a ponta do compasso materializa o ponto central do círculo. Terminado o traçado, esse ponto central que permitiu criar o círculo não é mais visível, porém, está sempre virtualmente presente, como Deus no Universo”. “A lei do amor une tudo o que reúne”. É sem dúvida a lei universal mais importante, visto que é graças a ela que se pode reencontrar a Unidade primordial. Em suma, o… UM criador, a Mônada, simbolizada pelo ponto, precisa do círculo espiritual, para que, embora invisível, possa ser apreendida por nossa consciência.
O UM gera o DOIS
O… UM é incomparável; não podemos conhecê-lo, pois ele está na origem de tudo. O número é a relação entre ele próprio e a Unidade. Isto significa que a Unidade não pode definir a si mesma. O UM não pode se multiplicar. — 1 × 1 × 1 x… = 1 Para ser conhecido, o UM deve levar a efeito um ato criador. Ele dá origem ao DOIS. O DOIS permite que se faça comparação com a Unidade e a torna acessível. A Díade é a base do Mundo sensório e introduz os contrários — a luz e a obscuridade, o belo e o feio, o bem e o mal… Devido a sua origem, esses opostos são indissociáveis e complementares. Um não pode existir sem o outro e juntos eles manifestam a Unidade primordial que os gera.
O DOIS manifesta a lei da dualidade que é a base do mundo manifestado e em particular deste em que vivemos. Graças à dualidade, o Criador pode ser, ao mesmo tempo, o ator e o espectador de sua criação. Ele dispõe assim de um espelho onde pode contemplar sua obra pelos olhos de suas criaturas. Para desfazer a obscuridade, é preciso produzir luz e, para obter a obscuridade, é preciso apagar a luz. Só se pode agir sobre o elemento ativo, a luz.
A lei da dualidade — Os opostos são indissociáveis e complementares; um não pode existir sem o outro e, juntos, eles representam a Unidade primordial que os gera. Quanto mais a pessoa se perde na análise dos opostos, mais seu conteúdo se torna insignificante. O número DOIS emanado do UM é o primeiro número Fêmea e pode ser considerado a mãe dos números inteiros.
O TRÊS, manifesta o UM através do DOIS
O Dois permite fazer a comparação com a Unidade e torná-la acessível. Mas, para que essa comparação tenha significado, é preciso que ela dê um resultado que a represente e manifeste. Essa necessidade introduz um terceiro ponto que é o resultado da comparação manifestando o UM através dos dois pontos da dualidade. Assim nasce a Tríade — A figura geométrica produzida com três pontos é o triângulo.
Toda manifestação do nosso Universo é o resultado da combinação de duas causas opostas e complementares; ação e reação. — O átomo é a manifestação de um núcleo de polaridade positiva e elétrons periféricos de polaridade negativa. — A célula é a manifestação da união de um núcleo de polaridade positiva envolto por uma membrana de polaridade negativa. — O filho é manifesto pela união do macho e da fêmea.
A corrente elétrica é manifesta pela conexão os polos positivo e negativo de uma pilha ou de um gerador de eletricidade. Uma das mais antigas é a tríade egípcia das três divindades, Ísis, Osíris e Hórus. Ísis é o princípio feminino, Osíris o princípio masculino e Hórus o terceiro ponto, o filho. Esta trindade ilustra perfeitamente a lei do triângulo — mãe e pai gerando o filho. Existem duas manifestações possíveis — Ou o Criador se desdobrando para se manifestar na matéria, no triângulo apontado para cima, ou os dois aspectos da dualidade se combinando para manifestar a Unidade, no triângulo apontando para baixo. No Universo, tudo é vibração, do átomo às galáxias. É por sua vibração que os átomos se distinguem uns dos outros, manifestando os diferentes aspectos da matéria e dos fenômenos a ela associados.
A própria vida é vibração
— batimentos do coração, movimentos da respiração, expansão dos sentimentos, etc. As vibrações têm por consequência a manifestação do tempo e do espaço. É a natureza vibratória do mundo que nos submete ao tempo e ao espaço. Pela união do corpo físico com o Espírito, o corpo psíquico manifesta a Alma Divina em nós e em todas as coisas.
Em suma, o TRÊS, manifestando o UM através do DOIS, coloca em seus lugares, os elementos, para que nosso mundo exista — matéria, espaço e tempo. Estrela de Seis Pontas Uma manifestação espiritual no triângulo apontado para baixo e uma manifestação material no triângulo apontado para cima. A manifestação correta é equilibrada segundo a lei do justo meio; é o caminho da sabedoria.
O Quatro Manifesta o Um pelo Três
Com o triângulo e o Três, surgiram a matéria, o tempo e o espaço, mas estes elementos ainda não estavam estruturados para formar a Terra onde vivemos e o universo que a continha. O Três, o triângulo, tem apenas duas dimensões. É preciso então passar para a terceira dimensão. A terceira dimensão é dada pelo Quatro. O quadrado é a forma simbólica a ele associada. É o símbolo da Terra, por extensão, do nosso Universo. O quadrado e o Quatro simbolizam o arranjo do suporte material onde Um poderá se manifestar. Com quatro pontos se constrói um tetraedro. O tetraedro é um sólido com quatro faces constituídas de quatro triângulos equiláteros.
Esta sequência de números, 1, 2, 3, 4, talvez lembre a Tetrátkys — 1 + 2 + 3 + 4 = 10. Dez é a ordem da unidade superior. Em outras palavras, a Tetrátkys simboliza as etapas da criação do nosso Universo material e as leis a elas associadas. Seu valor é a unidade, mas em um nível mais elevado, como se essa criação aumentasse o Um criador. Concebe-se que o simbolismo que ela manifesta seja a fonte de uma grande veneração e uma fonte importante de meditação. O Quatro é a soma de Um com Três. Permite ao Um, princípio criador, manifestar-se pelo Três e pela lei do Triângulo. Nossa Terra é o teatro onde esse princípio poderá agir.
Representações Simbólicas do Quatro
A primeira das quatro formas a seguir é um triângulo equilátero com um ponto central. É o Um criador manifestado no Três. É também o tetraedro visto de cima. Os quatro pontos nos lembram que o Quatro é um número quadrado. O quadrado é a forma que simboliza a Tétrada. É o mundo material por oposição ao mundo espiritual, o círculo. Cabe-nos, a partir do quadrado, encontrar o círculo da Unidade Primordial. Para isso é preciso resolver a quadratura do círculo.
A cruz de quatro braços iguais, no plano horizontal, manifesta os quatro pontos cardeais e os dois eixos que organizam e orientam o mundo terrestre. Orientar-se é se voltar para o oriente, o leste. É dessa direção que a luz se projeta novamente a cada manhã, para iluminar nossa vida. As cidades romanas eram orientadas segundo o eixo leste-oeste, o decumenus, e o eixo norte-sul, o cardo (o gond em latim). Essa orientação é encontrada na arquitetura sagrada.
A cruz no plano vertical manifesta também a orientação, mas para o espiritual no eixo vertical e para o material no eixo horizontal. É a união do Céu e da Terra. Essa cruz é muitas vezes chamada de crus grega. É encontrada também na cruz céltica, associada ao círculo. A representação alquímica que se segue, dos quatro elementos, está baseada na utilização do triângulo e da reta. Estranhamente, o sentido dos triângulos é invertido.
Para o fogo e o ar, associados ao mundo celestial, a ponta dos triângulos está voltada para o alto. Para a água e a terra, associados ao mundo material, a ponta dos triângulos está voltada para baixo. Os dois elementos purificados, o fogo e o ar, são representados sem reta da dualidade.
As Quatro Forças do Universo
1. Interação Eletromagnética – Rege as trocas entre as partículas portadoras de cargas elétricas.
2. Interação Forte – Responsável pela coesão dos núcleos atômicos.
3. Interação Fraca – Se manifesta em certos aspectos das radiações e das reações nucleares.
4. Gravitação – Atua sobre a matéria e é responsável pelo peso, mas também pelos movimentos astronômicos.
O Quatro
O quadrado, o Quatro, símbolo da Terra e do Universo, introduz uma nova família de números – os números irracionais. Ou seja, o quadrado e o Quatro encerram uma grandeza inacessível à razão. O quadrado e o Quatro nos ensinam que o mundo material contém uma parte irracional e só parcialmente acessível à razão. Por conseguinte, é vão querer explicálo unicamente pela razão. Uma visão completa do nosso Universo requer um outro meio de conhecimento, complementar à razão, mas igualmente necessário. Esse meio complementar é a via espiritual, a da intuição. Ela se apoia em particular na inspiração suscitada pela meditação, tendo por apoios as formas e os símbolo
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Rosa Capitani — Terapeuta
Criadora do Blog / Proprietária Travessia SPA
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