Somos máquinas Humanas. Quase tudo na vida do ser humano acontece, simplesmente. Poucas ações são realmente conscientes; o ser humano apenas reage a estímulos externos e responde aos incentivos dos diversos sistemas.
A afirmação parece ser chocante, mas se observarmos como agimos, na maior parte do tempo, por automatismo mecânico repetindo sempre os mesmos modelos, convenhamos, parece que somos máquinas velhas ainda comandadas por sistemas mecânicos; nem chegamos na era digital nos mecanismos de funcionamento da máquina humana.
O autoconhecimento começa pelo conhecimento, isto é, pelo estudo da máquina humana, o autoestudo.
Tenho sido de certa maneira um crítico da psicologia comportamental, mas devo reconhecer que ela existe não por acaso.
O estudo comportamental do ser humano pode ser um bom começo, para depois se aprofundar no estudo da psicologia mais profunda, para compreender os impulsos internos que geram as atitudes e como elas se formam, e a partir daí toma-se o rumo para as camadas mais profundas do ser.
Através dos comportamentos dos outros podemos perceber a nós mesmos, porquanto é muito difícil nos auto-observar senão pelo reflexo de nossa imagem no espelho do outros.
Importa concordar que somos severamente limitados pela nossa estrutura corporal, que não nos permite ver certas partes do nosso próprio corpo senão refletidas por um espelho. O mesmo vale para a observação de nossas atitudes e nossos comportamentos, reflexos inconscientes dos condicionamentos cristalizados na mente.
OS PROGRAMAS DA MÁQUINA HUMANA
A máquina humana funciona conforme está sendo programada. Novos programas são instalados nela, na mente do ser humano, frequentemente e eles são executados inconscientemente, nas de atitudes e nos comportamentos padronizados coletivamente.
São milhares os programas instalados na mente humana, talvez chegue aos milhões, que rodam como softwares ditando modismos, gírias e maneiras de falar, atitudes e comportamentos.
Pergunto, essa máquina está consciente de si?
O ser humano não está consciente nem mesmo de que funciona como máquina.
Uma certa quantidade de consciência de si existe; seria injusto negá-la. Afinal, o ser humano está consciente de algumas sensações, como de frio e calor, de algumas emoções e sentimentos, de alguns pensamentos, de algumas atitudes e comportamentos.
Mas isso não é suficiente para que ele seja consciente de si. Em proporções compatíveis, certos animais também estão em níveis muito próximos a essa máquina humana.
Da maneira como o ser humano está, cada dia mais se adequando ao senso comum em atitudes e comportamentos, será cada vez mais difícil se tornar consciente de si; a tendência é que, cada vez mais, se torne inconsciente e meramente reproduza pensamentos, atitudes e comportamentos ditados pelo “mercado das ideias prontas”.
A DESCONEXÃO DA CONSCIÊNCIA
A desconexão da consciência parece ser um fenômeno inerente à era moderna. Envolvidos em uma miríade de estímulos digitais, a atenção humana está constantemente fragmentada, dificultando o mergulho profundo no âmago de nossos pensamentos e emoções. Somos bombardeados por informações externas, moldando-nos de maneiras muitas vezes imperceptíveis.
A sociedade contemporânea, frequentemente caracterizada pela busca incessante por produtividade, deixa pouco espaço para a contemplação e a autoanálise. A máquina humana, presa a uma rotina acelerada, pode se perder na superficialidade das interações e na repetição automática de padrões estabelecidos.
A JORNADA DO AUTOCONHECIMENTO
O autoconhecimento, portanto, emerge como uma jornada de descobrimento interno. Inicia-se pela conscientização das engrenagens da máquina humana, desvendando os mecanismos que impulsionam nossas ações. O estudo de si torna-se uma ferramenta valiosa, proporcionando insights sobre a interseção entre a natureza biológica e a complexidade psicológica.
A psicologia comportamental, embora muitas vezes criticada, oferece um ponto de partida tangível. Ao observar e compreender os padrões comportamentais, podemos lançar as bases para uma exploração mais profunda das motivações subjacentes. Essa transição do comportamental para o psicológico profundo permite que o ser humano transcenda a superficialidade e mergulhe nas camadas mais intricadas de sua existência.
REFLEXOS NO ESPELHO DOS OUTROS
A auto-observação, no entanto, é desafiadora. Assim como somos limitados pela nossa estrutura física ao observar partes específicas do corpo, a observação de nossas próprias atitudes e comportamentos muitas vezes requer o espelho dos outros. Os comportamentos alheios tornam-se um reflexo pelo qual podemos nos enxergar, destacando áreas de nossa própria máquina que podem permanecer obscurecidas.
A consciência de que somos programados, como máquinas, traz à tona a questão da liberdade. Até que ponto somos verdadeiramente conscientes e capazes de escolher, e até que ponto somos marionetes de programas pré-instalados? O entendimento dessas dinâmicas oferece a oportunidade de reprogramação consciente, permitindo que o ser humano assuma o papel de arquiteto de sua própria evolução.
A EVOLUÇÃO DA MÁQUINA HUMANA
Em última análise, a máquina humana, mesmo imersa na era digital, possui a capacidade única de autoconsciência. A busca contínua pelo autoconhecimento representa a evolução consciente da máquina, transcendendo os limites da programação prévia.
Confrontar a própria maquinaria interna, compreendendo-a e, eventualmente, redefinindo-a, pode ser o caminho para uma verdadeira autonomia no complexo universo das interações humanas. A jornada de desvendar os mistérios da máquina humana continua, abrindo portas para um futuro onde a consciência se torna o catalisador da verdadeira liberdade.
Travessia SPA
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