Numa vida sem sentido, anoitece e amanhece sucessivamente a mesma rotina repetitiva dos mesmos eventos, e nada de novo acontece; as circunstâncias dominam a vontade e o ser humano se torna escravo de desejos e fantasias. Aquilo que é no presente está enraizado no passado e nós, frequentemente, lutamos contra aquilo que não podemos mudar e nada fazemos para mudar a nossa posição diante do imutável.
O futuro se cria sobre o terreno do passado, e o presente é o fugaz momento da escolha e da ação. Se perdemos esses lampejos de inspirações enquanto vagueamos em nossos devaneios ilusórios na esperança de que alguém faça por nós, o que fazemos é nada mais que amassar barro no lodaçal do passado repleto de dramas e tragédias.
A consciência saltita piscando como pirilampo, captando inspirações e intuições, expandindo-se em novas percepções em cada fração do tempo. Dessa maneira vamos construindo nosso futuro, sempre melhorado em relação ao passado, porém muito lentamente ainda e repetindo a maior parte dos erros do passado. Os nossos condicionamentos ao passado são mais fortes que nossas determinações e nossa força de vontade para o progresso, porquanto nos rendemos constantemente aos desejos e as paixões inferiores.
Queremos, mas não podemos muitas vezes. E não podemos porque nossa vontade é fraca e sucumbe aos prazeres dos desejos e das paixões inferiores, ao comodismo e aos confortos da vida material, ao egoísmo e suas vaidades. Relutamos em nos desapegar do passado e perdemos as oportunidades que o presente nos oferece; demoramos para saltar sobre a inspiração e transformá-la em ação promissora.
O Drama humano
Esse é o drama humano, a contínua roda que gira no entorno dos desejos multiplicando as insatisfações, esticando o pensamento e a emoção em ansiedade para depois cair em depressão. Em escala maior, a roda das encarnações sucessivas de quem não se desapega da materialidade e do ego, do medo e da culpa, dos desejos e das paixões inferiores, para aspirar degraus mais elevados na escala da evolução espiritual.
A porta é estreita para quem se alarga no pensamento e expande a consciência, e é larga para quem se estreita no pensamento e permanece inconsciente de si. Para subir é preciso estreitar a base das possibilidades deixando para trás os excessos de bagagens. A base larga é também pesada demais para permitir a ascensão.
Tudo se resume nas escolhas que fazemos em cada instante, em cada lampejo do tempo, em cada respiração. A atenção no pensamento revela como será o instante posterior, e o tropeço será evitado. O pensamento é o diretor da vida, isto é, lhe dá a direção, mas é a consciência que preside a vida. Pensar consciente é pensar dentro do campo da consciência desperta; o pensamento que vagueia pela mente inconsciente quase sempre é carona na mente coletiva.
A Estreita Razão
A mente funciona como um gigantesco espelho refletindo pensamentos, emoções e sentimentos. Todo esse complexo sistema funciona integrado ao corpo enquanto estamos encarnados. Por isso se diz que somos um sistema composto de espírito, mente e corpo. Na verdade, nós somos espíritos aprisionados, temporariamente, a um corpo de matéria densa e temos na mente os reflexos de tudo que se passa em nosso entorno e dentro de nós; nela atuamos pensando e refletindo pensamentos alheios; nela esboçamos emoções e reagimos com elas; nela esboçamos sentimentos e nos orientamos por eles nas escolhas que fazemos. Mas é com o pensamento que organizamos todas as estruturas da mente.
A razão é o senso do pensamento, da emoção e do sentimento organizados em harmonia entre si; do equilíbrio das forças da alma atuando na mente; da consciência desperta que testemunha a existência.
Travessia SPA em parceria com o Instituto luz da Consciência: https://www.luzdaconsciencia.com.br/artigos.html