Neste artigo continuamos a leitura comentada do livro “A Arte de Viver” de um filósofo grego que viveu a maior parte de sua vida em Roma como escravo. Apesar da sua condição humilde, teve a oportunidade de assistir às palestras do famoso e histórico orador, Caio Muzónio Rufo. Embora não tenha deixado nenhuma obra escrita, os principais aspectos de sua filosofia foram preservados por meio de seus dedicados alunos. Hoje continuaremos nossa reflexão sobre o controle do que podemos e não podemos controlar, bem como o verdadeiro significado da felicidade.
Encontrando a felicidade interior
Epicteto nos ensina que a felicidade só pode ser encontrada em nós mesmos. Ao adotar uma atitude de gratidão perante a vida, podemos alcançar a verdadeira felicidade. Ver as coisas de uma perspectiva mais ampla nos permite ser gratos por tudo o que acontece. Felicidade é paz — a completa ausência de conflitos internos. É uma aceitação e compreensão de que a vida existe dentro de nós, em vez de existirmos na vida.
A Ilusão da Felicidade Externa
Em contraste com a felicidade artificial baseada em conquistas externas, Epicteto enfatiza a importância da paz interior. A busca pela felicidade externa, como o sucesso e os bens materiais, é passageira e não leva à verdadeira realização. É como comparar uma pérola original com uma manufaturada. A pérola original, extraída de uma ostra, sempre superará a fabricada. A verdadeira felicidade vem de dentro, não de circunstâncias externas.
Aceitando a Natureza da Vida
Devemos reconhecer as aparências pelo que são e praticar dizer: “Isto é apenas uma aparência, não a realidade.” Ao examinar se uma situação está ou não sob nosso controle, podemos optar por não nos preocupar com fatores externos. Só temos controle sobre nossa vida interior, nossos pensamentos e emoções. Tentar controlar coisas ou pessoas externas é uma ilusão que leva à frustração e à raiva. Aceitar a natureza da vida e focar nas nossas próprias atitudes e reações é a chave para a felicidade.
Superando o Apego e o Sofrimento
Epicteto alerta sobre os perigos do apego, que está enraizado no egocentrismo. O apego leva ao sofrimento quando perdemos o objeto do nosso apego. É essencial compreender que o apego aos bens materiais, aos relacionamentos e às emoções só traz satisfação temporária. A verdadeira felicidade e paz só podem ser alcançadas abandonando o apego e abraçando a aceitação. Devemos encarar a partida dos nossos entes queridos como uma parte natural da vida e desejar-lhes boa sorte na sua jornada.
Escolhendo nossas respostas
Não são os eventos externos em si ou outras pessoas que nos prejudicam, mas sim a nossa percepção e reação a eles. Nossas atitudes e reações criam nossos problemas. Em vez de nos ofendermos ou reagirmos negativamente, podemos escolher a aceitação e a resiliência. Ao harmonizarmos as nossas ações com as leis naturais da vida, podemos encontrar paz e felicidade.
Viver em Harmonia com a Natureza
Epicteto enfatiza a importância de viver em harmonia com a natureza. Não podemos controlar as circunstâncias externas, mas podemos escolher como reagimos a elas. Quando alinhamos nossas vidas com os princípios da natureza, podemos encontrar paz e tranquilidade interior. Em vez de resistir ou tentar controlar os acontecimentos, deveríamos esforçar-nos por aceitá-los tal como são. Esta aceitação permite-nos usar a nossa energia de forma mais produtiva e promove a criatividade, a prosperidade e a boa saúde.
O medo da morte
Epicteto nos desafia a examinar nossas noções sobre a morte. Frequentemente, nosso medo da morte decorre de nossas próprias interpretações e crenças. Não devemos temer a morte em si, mas sim o medo da morte. O medo é a ausência de amor e é um produto do nosso egocentrismo. Ao abandonar o medo e abraçar o amor, podemos abordar a vida e a morte com serenidade e aceitação.
Concluindo, a arte de viver consiste em encontrar a felicidade e a paz em nós mesmos. Devemos praticar a gratidão, a aceitação e a resiliência em nossas vidas diárias. Não são as circunstâncias externas ou outras pessoas que determinam a nossa felicidade, mas sim as nossas próprias atitudes e reações. Ao harmonizarmos as nossas ações com as leis naturais da vida e abandonarmos o apego, podemos alcançar a verdadeira realização. A jornada em direção à paz interior e à felicidade requer autorreflexão e prática contínuas. Escolha viver em harmonia com a natureza e abrace o momento presente com serenidade e gratidão.
Travessia SPA
Texto extraído de uma palestra em parceria com o Instituto Luz da Consciência, prof. Luiz Trevizani